Para cada mulher há um homem ou três gatos

Fail. Ever try. Fail better.

domingo, 22 de setembro de 2019

No novo work

Em agosto comecei a formação na Sitel para mais um emprego de apoio ao cliente, customer representative, adviser...call center.
Mas é uma indústria de serviços em crescimento, sobretudo em Portugal, um país euro+eu com tantos estrangeiroa à procura de uma emprego e de portugueses desempregados com alto nível cultural e de linguas estrangeiras.
Como sempre, eu entro pelo Francês, pagam mais que ao português e inglês e italiano e espanhol, só pagam mais ao alemão e outras línguas germânicas. Não, ao russo não pagam bem, como há muitos pagam tanto como aos ucranianos.
Toda a gente tem de falar inglês, é a língua do Cliente e a que toda a gente tem de saber.
Gostei imenso da formação. era dinâmica e divertida, nada das que fiz anteriormente. Faziamos na mesma um quiz no final, mas a preocupação era que tivéssemos bom resultado. mais de 80%, de tal forma que os formadores nos davam uma ajuda. Nos que estive anteriormente era um stress sempre. Mas eles sabem o que fazem, pois na última semana poêm-nos em contacto com os telefones, os clientes a sério, e são mulheres a chorar na casa de banho, homens maduros sem saberem o seu próprio nome, só os que já tiveram contacto anterior com call center se aguentam. E no fim da formação dos 8 de francês, sairam 4 com o dinheiro da formação no bolso. Depois fomos para o Floor, a sala grande com todas as línguas, fazer o Landing (noutros sítios chamava-se o Nesting ou o Shadowing). Aí estavamos sozinhos a fazer as chamadas, mas com a ajuda de agentes já com exteriência, que andavam numa roda viva a dar-nos as respostas, enquanto os clientes ficavam em espera. Aí eu continuava com o grupo que fazia o português, todos muito divertidos e de várias idades, dos 20 aos 56 (o Philipe). Separados dos que trabalhavam no floor. Mas aí foram duas semanas e desistiram mais dois ou três de português, os brasileiros são chatos de aturar, não percebem o que dizemos.
Então saíram os horários e eu e o de 20 anos fomos para o horário das 8 h às 17 h (por mim ótimo) e as outras duas de francês a entrarem às 10 h e sairem às 19 h. Ali no floor sentamo-nos onde calha, na zona do francês. Os amigos sentam-se juntos, temos de chegar antes da hora para marcar um lugar.
E há muito pouca gente a tomar conta de nós ou a ajudar-nos. Quem nos ajuda são os colegas mais velhos, que são simpáticos. Mas temos também uma equipa por trás de nós que ouve os nossos telefonemas e vem depois uma vez por semana ouvir duas conversas e criticar e supostamente ensinar. Eu tenho sempre azar, os meus supervisores são muito nervosos, desta vez também, quando eu não dou a resposta certa ou os ponho em espera para procurar a resposta e eles acham que eu já a devia saber. Agora estou na segunda semana de Floor, nas Informações e triagem, o mais básico de tudo, tenho de ouvir as queixas e remetê-los para o departamento que resolverá o seu problema ou então são coisas sobre o site, e eu aprendi a responder! Como criar o perfil, as listas, os anúncios, as reservas de alojamentos, fazêr uma reserva ou gerir uma reserva se forem os fonos do alojamento. Já me vou safando, e ehoje já tive dois que quiseram ser atendidos pelo agente anterior, eh eh. Eles ligam para lá e dizem, ah, je veux Maria, j´ai déjà parlé avec elle, e elles tem de ir às Mensagens internas, escrever o meu nome e porem lá que não atenderam o caso porque pediram o agente tal. A mim também me fazem isso, a pedirem o fulano de tal, e eu faço o mesmo, não me importo nada.
Mas quantos mais casos resolvermos por semana maior é o bónus semanal, por isso convém atender bem os casos. Já me disseram que eles precisam de nós, no Francês, desde que a gente compareça e atenda os telefonemas, não nos despedem. O meu colega chega meia hora atrasado por causa dos transportes, mas não é por isso que o despedem. Espero que não me despeçam a mim, o meu analista já me disse se eu não gostaria de ir para o português. Não, nem por isso, entrar às 17 h e sair às 2 h da manhã...e  ganhar menos. Não sou a única portuguesa com menos fluência, nunca vivi foi em França e não sei os coloquialismos, mas aprendo depressa " il ne faut pas paniquer!", "merci dávoir patienté", isto deles transformarem adjectivos em verbos...Não posso panicar.
Hoje ainda nos rimos um bocado, veio uma para mim com um problema sobre ter mudado de operador de telemóvel e agora não poder aceder à conta pois já não tem a conta com que se inscreveu, não tem email nem número de telefone. Eu disse que isso era com o operador, disse que deixara passar o prazo e agora já não podia disse ela e que se eu não sabia que queria um supervisor. Tentei passá-la para um departamento de contas e disseram que isso era comigo. A mulher não desligava, queria a resposta e eu pedi à colega do lado se me respondia ela...Apareceu com o seu sotaque de Costa do Marfim, muito calmo e disse que ia tomar conta do caso. Passei-lhe o caso e daí a pouco estava toda "affoulée" que não podia fazer nada e etc e tal. Então, uma que está ali há três anos (ela é que não quer ser promovida) e disse que ia tentar. Passou-lhe a ela a mulher e ela com toda a calma, mudou~lhe a palavra passe e mais não sei quê, não percebi nada, e sim, conseguiu que ela mudasse para outro email e outro telefone, milagre! Ela só tem notas 10, sabe mesmo daquilo.
Já estavamos a dizer que a seguir passávamos ao outro rapaz...Vou passar a sentar-me com aquele grupo, são divertidos...
Amanhã lá estarei de novo, vamos a ver o que o meu analista vai dizer. Morto está ele para me despachar para o português. Era mais fácil, e conheço as pessoas da formação. Enfim. Já me estou a habituar aos franceses, quase já falo sem misturar palavras inglesas e francesas. Um velho disse-me que em francês se diz "annuller" e não " canceller". Ups...É que temos de fazer o resumo do caso em inglês e depois já me baralho. Il faut patienter.