Para cada mulher há um homem ou três gatos

Fail. Ever try. Fail better.

sábado, 27 de maio de 2017

Evento

De manhã fui ao Evento na escola. Gostei. Achei que era uma turma organizada e simpática.
Que pena eu não ter concorrido o ano passado.

 No Coffe break socializamos com alguns professores que tinham ido, inclusive a prof de secretariado, que fora das aulas é uma joia de pessoa, não sei porque fica assim quando tem uma turma à frente. Relax, don´t do it, why do  you wanna do it...(isto era de quem?).

Depois foi uma palestra sobre Mindfullness, que eu já ouvira falar, mas não sabia bem o que era.
É capaz de auxiliar na profissão de secretária clínica, com o stress do atendimento e dos médicos.
Consiste em focarmo-nos no presente e bloquearmos pensamentos negativos sobre o que nos aconteceu no passado ou sobre o futuro, que são ambos lugares que não existem. Temos de ter a mente limpa e aberta para receber as pessoas sem preconceitos, mesmo que nos tenham dito " cuidado com esse que é um osso duro de roer" em ralação a um chefe ou utente. Podemos meditar cinco minutos num local separado, ou ir dar uns saltos para o WC, também funciona aumentar os níveis de endorfinas para ficar bem disposto.

Agora como norma de vida, não me parece. O passado traumatiza mas também nos ajuda a não cometer os mesmos erros. E se perdermos a ansiedade, como nos protegemos do perigo? Se não tivessemos isto teriamos sobrevivido como raça tanto tempo? Bem, os cães existem há muito tempo e segundo parece vivem no presente, se tudo corre bem estão felizes. Nós podemos estar bem e estar a pensar em o outro disse isto e a outra pensa aquilo de mim e tenho o teste na terça e já devia ter estudado... Mas eu não penso nada disso, escrevo e esqueço. É a minha terapêutica. Se tivesse uma amiga contava-lhe e ela dizia " as mulheres são umas bestas umas para as outras " e um marido diria, " pois, não ligues " e eu " não ligues a quê ? " , " a isso que estavas a dizer", enquanto muda os canais na Tv.
Só os idiotas vivem felizes, sem preocupações ou ideias....

Quando criei este segundo blog era para fições

Sim, era. Histórias de amigas, mas ninguém acredita que são amigas, acham que são da autora.
Depois comecei a contar sonhos, eu na altura andava a sonhar só com homens! Ex namorados e todos a implorarem voltar. Mas eram tão parvos... com o Ortigão?! Acabei por apagar, era ridículo demais.

Depois contei uma data de frustrações, ou de chatices com colegas e pior, professores. Sem nomear a pessoa pelo nome, mas dava para perceber, quem conhecesse. Claro que aí esqueci-me que podiam ter acesso ao blogue, o que acabou por acontecer e comecei a ter mais chatices, de ofendidos que não me queriam confrontar para não admitir que leram, e mandavam bocas nas costas.

Mas é assim, eu escrevo como terapia, sempre escrevi diários secretos, fechados à chave (literalmente) desde os sete anos. Com entradas como " hoje tomei banho sozinha! " . Que esperta que eu era. E que tinha lido um livro dos Cinco ( The Famous Five, Enid Blyton) num só dia . Com sete anos não é mau, já não eram o Noddy, embora da mesma autora.

Continuei a escrever histórias divertidas de saídas com amigas e o meu grupo dos Olivais. Quando eu tinha 18 anos e os rapazes iam às discotecas, mas para entrar precisavam de levar as amigas das irmãs, e iamos para o Jet Set e o 2001 mas depois lá ninguém se conhecia. Menos um que andava sempre na minha cola, mas ele era irmão gémeo do namorado da minha amiga e naquela escuridão eu não me queria arriscar e depois levar com o gémeo errado. Ele depois foi para comissário de bordo, quando eu era Operadora de Trânsito (check in etc), já eu tinha 25 anos, mas nessa altura embora não tivesse lá o irmão, eu estava muito interessada noutro, isto lá em Faro. Davamo-nos todos uns com os outros com os outros, sobretudo porque vinhamos de Lisboa.

  Estavamos a viver em apartamentos mistos. No meu era eu e outra e dois gays ! Grande pontaria. Foi melhor assim. Um deles ainda não era assumido .,.mas o outro apanhámo-lo lá à hora de almoço com um rapaz novo lá de Faro, no WC ! Disse que estava a tomar banho e nós queriamos lá ir (só havia um wc, e sai de lá ele com o amigo, que se foi logo embora. Levou nas orelhas , ninguém metia ninguém lá em casa, fora o combinado. Tinhamos lá TV nossas e videos e gravadores e música e não queriamos ser roubados. Fora o nojo que dissemos que era. Um rapaz menor , de certeza, parecia ter uns 15 ou 16 e ser pobre. E o tipo tinha 25, como eu. Ele depois saiu de lá, felizmente.

Bem, estas histórias "chocantes". Como isto foi há 25 anos, quase parece que não era eu. Mas eu estive lá seis meses e só andei com esse, que acabava para poder andar com outra e eu depois tinha de o ver, Faro é muito pequena. Se fosse em Lisboa não havia problema, não o veria mais. Depois voltavamos a andar porque eu achava que ele era melhor do que mostrava ser, lá no fundo.

E nunca mais o vi, mas guardei uma foto de passe dele "para não dizeres que nunca te dei nada". E se o procurasse no Facebook? E se ele agora está horrível ? Se calhar até já morreu.

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Lenny Kravitz - Fly Away

Chris Isaak Wicked Game

The Corrs - Only When I Sleep

Maria Caeiro Pessoa

Eu escrevo na net o que se passa na escola. Que giro, nunca tinha reparado, eu ? Faço isso ? Se  calhar devia arranjar um pseudónimo, um heterónimo. Como Fernando Pessoa, que devia ter adorado criar meia dúzia de perfis no Facebook.
Acontece que eu escrevo aqui há séculos, e pouco me importa os que leem, o que pensam e se me conhecem. Há centenas de blogues no Blogger, de donas de casa enfastiadas, de homens armados em poetas, outros a escreverem receitas e a falarem dos filhos, dos cães, dos gatos, das fotos.
Que não preciso de escrever um diário público. Vão dizer isso à Sue Townsend, a minha escritora favorita. É um diário, sim, pode ser, mas é público, não é íntimo.
Não que haja grande coisa a contar nesse aspeto. Como já disse, só em sonhos, que vêm do subconsciente, às vezes parece que minha vida é um pesadelo e eu vivo a sério nos sonhos.




quinta-feira, 4 de maio de 2017

Karma

Sempre que me gabo de algo bom que fiz, o universo ataca-me com uma chatice qualquer.
No outro dia contei num post que estava na Loja do Cidadão em Chelas , um sítio muito pitoresco, mas onde gosto de ir tratar das burocracias, pois tem estacionamento grátis no centro comercial.
E tem um Café Jerónimo mesmo em frente, podemos ver as senhas a mudarem nos quadros enquanto comemos bolos.
Não foi o meu caso, quando fui levantar o meu cartão de cidadão. Há aquela máquina de tirar senhas, com um écran incompreensível para o comum dos mortais. Diz coisas como IMTT, IRN, Espaço Cidadão e mais umas quantas siglas. Tanto que lá ao lado colocaram um papel na parede impresso com: IMTT - Cartas de condução; IRN- Cartão do Cidadão, Passaporte; etc. para a gente saber. Porque só depois de carregar no sítio aparece a explicação do que é, e perde-se tempo a andar para trás e para a frente. Geralmente está lá um segurança que pergunta para o que é e tira ele.

Eu começo por dizer que podiam ter escolhido outra cor para os sofás, vêem-se manchas duvidosas no tecido.

 A população são sempre mulheres acompanhadas de inúmeros miúdos, que nem todos estão para tirar o cartão do cidadão e ela nem sequer é a mãe, pois telefona várias vezes a perguntar datas de nascimento a pais. Muitos de etnia cigana, também, sempre a refilar por tudo. E uns motoristas com idosos atrás, para renovarem cartão de cidadão (espero que não para renovar a carta de condução, não , isso não é nesse sector).

Pois eu vi entrar um senhor direto ao guichet próximo de onde eu estava e faltavam dez senhas para a minha e ele era idoso e magro, de vestes muçulmanas e uma boina pequena de crochet na cabeça, cheio de dignidade. Perguntou onde tirava o passaporte. Estava cheio de sorte era ali mesmo, mas ele não tinha tirado a senha. A funcionária do guichet, com a habitual secura, disse " tem de tirar a senha na máquina ",  mas como a máquina estava à entrada da sala, ela carregou logo a próxima N-Passaporte. O senhor no entanto, como qualquer idoso que se preze, passou pela máquina das senhas e continuou. Suspiramos ambas em uníssono,e ficámos a observar, e a vê-lo voltar e encarar o écran. Nessa altura eu já estava cheia de comichões para intervir e ir ajudar. Fazer o que os meus filhos chamam " envergonhá-los". Alguém o ajudou a tirar a senha e ele deambulou de novo para outro lado. A do guichet riu-se e eu nervosa, disse que ia buscá-lo. Ela disse, " já nem o vejo " e eu fui na mesma. consegui encontrá-lo na fila do espaço cidadão, mas tinha na mão a senha certa, e eu disse-lhe " quer tirar o passaporte ? ". " Sim, pode ajudar-me ? " e eu " sim, mas não é aqui, venha comigo " e levei-o ao guichet certo. Onde o atenderam logo. E chamaram a minha senha.

Eu fiz isto porque para mim é normal. É como apanhar um papel que alguém deixa cair e devolver.
Também pensei num avô meu a tirar sozinho o cartão. Admirável mundo novo.

Seja como for, não era para me gabar, mas deve ter parecido ao chefe de repartição dos karmas, pois no dia seguinte, ao sair para ir almoçar ao centro comercial (domingo), fechei a porta de casa com as chaves do lado de dentro. E o telemóvel. E o guarda chuva. E as chaves do carro.

E fui ao centro à Loja das Chaves para ouvir que os homens não trabalhavam, para ir aos bombeiros.
Ok, a chuviscar e cheguei aos Bombeiros para ouvir que já não abriam casas de particulares. Para tentar a casa de chaves dos Olivais, ao pé do Mercado da Encarnação. Senti-me uma personagem de um livro de Kafka. A deambular de repartição em repartição.

Como a casa da minha irmã ficava perto, apressei-me a ir a pé para lá, felizmente estava com os novos adidas Stan Smith e cheguei lá e não tinham ido almoçar fora e deram-me almoço e ligámos para a minha filha que tinha chaves e estava no Vasco da Gama e depois a minha irmã levou-me lá e fim
Há males que vêm por bem, foi um domingo diferente e sim, não há almoços grátis.