Para cada mulher há um homem ou três gatos

Fail. Ever try. Fail better.

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Acordei a sonhar que estava num psiquiatra

Vou escrever aqui mais as minhas preocupações actuais. Já vi que isto não é lido por ninguém.

Melhor.

Ora eu escrevi sobre o Evento, e estava a frequentar um curso de Secretariado Clínico. Já fizera o 1º semestre e estava no 2º. O curso interessava-me pois eu precisava de competências informáticas e secretariais e eles tinham um estágio em ambiente hospitalar, para terminar.

 Parecia estar tudo bem. Mas na verdade em junho, a duas semanas de terminar o curso, desisti.

Quando desisti estava muito abatida e sem energia e a médica de família já me dissera anteriormente, quando lá fui mostrar análises depois de ter tido cólica renal, que me achava deprimida e marcara uma consulta para daí a um mês. Quando lá fui e lhe disse que desistira do curso ficou toda preocupada e deu-me uma carta fechada para entregar no psiquiatra das urgências do S. José . Que ela ia de férias e não ficava descansada.

Fui então de carro num dia de calor intenso ( 38º graus) ao hospital. Estacionei lá fora.

Fui às admissões, disse que tinha uma carta da médica para ir às urgências ao secretário clínico, um homem com ar de idiota que me disse só " cartão de utente" e começou a ver no computador. Devia ter lá que em Fevereiro lá tinha estado nas urgências de Urologia, a tal cólica renal. Disse-me então para esperar na sala de espera, foi literalmente " Maria, vais esperar aí na sala de espera que te chamem para a triagem ".

Aquilo dar-me-ia vontade de rir se não estivesse mesmo em baixo. Passaramos as aulas de Psicologia lá do curso a ouvir falar de ética e modos de falar com os utentes, e os direitos dos utentes ao respeito e o homem, fala-me assim! Por isso estavam a dar esses cursos de secretariado clínico, é óbvio que nos hospitais particulares não querem esse tipo de atendimento.

E o curso custava 850 euros no total.

Depois estive na triagem e a carta devia ser muito boa pois a enfermeira deu-me bracelete amarela , Urgente, e explicou-me como ir para os gabinetes de psiquiatria. Pensei como atribuiriam o grau de urgência a doentes psiquiatricos. O Protocolo de Manchester estabelece que os utentes não são atendidos por ordem de chegada , mas sim de urgência. Vermelho, Laranja, Amarelo, Azul, Verde.

Os que estavam à espera não pareciam perigosos, excepto uma mulher que estava com o marido e ora estava agitada, ora deitada no ombro dele. De resto era uma idosa a comer pão que me perguntou onde era a casa de banho e eu indiquei.

Então pus-me a  preencher o questionário que me deram, sobre se me tinham explicado o que era o sistema de Manchester de triagem (não, eu sabia porque me disseram no curso), como classificava o atendimento nas admissão (Mau), a apresentação do secretário (Má), os esclarecimentos (Suf.), tempo de espera até triagem (menos de 10 minutos), atendimento na triagem (Bom).

Depois não tinha mais a dizer pois ainda estava à espera não sabia o tempo de espera para a consulta e não podia classificar o médico.

Fui por isso ler a carta que a médica do centro de saúde enviara para ali. Primeiro porque  " o utente tem o direito de acesso aos seus dados clínicos" e segundo porque tinha curiosidade.

Era uma carta padrão, em que os médicos de família remetem os utentes para uma especialidade e ela dizia lá que eu tinha sintomas de adenomia, problemas de relacionamento, agressividade contida.
Possível diagnóstico, depressão major/borderline?

Pensei que a médica me tinha topado muito bem. Mas a depressão major e a personalidade borderline, mas qu´esta merda?

Para já, eu considerava a minha depressão plenamente justificada e depois, não sabia bem o que era borderline, mas parecia-me mais grave que neurose, a raiar a psicopatia, paranoia, esquizofrenia.

Seja como for, fui chamada logo a seguir (meia hora de espera, Bom) e a doente agitada começou a protestar que estava lá há mais tempo, mas o médico veio buscar-me e eu pude passar sem perigo.

Era um gabinete comum, sentei-me lá na cadeira e ele atrás da secretária e perguntou-me o que me trouxera ali. Quase lhe respondi " o carro ", mas achei que podia achar isso " agressividade contida",

Dei-lhe a carta, que me tinham devolvido sem o envelope e disse que a médica de família ia de férias e achara que eu estava abatida e deprimida e devia ser tratada. Ele nem leu a carta e perguntou se me sentia assim, e desde quando, e ele era novo e despenteado ( uns 40 anos) e ia desenhando figuras geométricas enquanto eu falava.

Fomos interrompidos pelo telefone, e ele disse que chamara segundo o protocolo de triagem e que " também ele gostava de muita coisa". Percebi que tinham ido queixar-se de eu ter sido passada à frente, mas eles tinham pulseiras azuis. Eu era a mais urgente, podia-me suicidar, quem sabe.

Se calhar foi por isso que ele me reteve lá quase uma hora e conseguiu por-me a chorar , lá para o fim. Parecia quase uma entrevista daquele Daniel, que acaba com " o que dizem os teus olhos? ".

Então ele leu a carta da médica, escreveu lá no computador umas coisas, imprimiu, e disse que achava que eu tinha uma depressão minor, justificada por questões vivenciais, que beneficiaria de psicoterapia e marcou-me consulta para psiquiatria. Receitou-me Entriol ( 60 comprimidos) e disse que eu me iria sentir melhor em breve, para eu ir às consultas que me faria bem falar.

Escrevi lá no questionário que fora bem atendida e voltei para casa. Passei pela farmácia e não tinham o genérico por isso trouxe o de marca , 70 euros, comecei a tomar e cá estou de férias.






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